Recanalização Tubária


Considerado um método contraceptivo definitivo e que requer um procedimento cirúrgico, a laqueadura tubária vem sendo amplamente utilizada por pacientes que não desejam utilizar métodos contraceptivos hormonais ou métodos como o DIU e que pretendem encerrar sua vida reprodutiva. 

A laqueadura tubária consiste na ligadura e secção de porção da trompa, através de diversos mecanismos. Ela pode ser realizada durante a cesárea ou no pós-parto normal imediato, ou simultaneamente a outros procedimentos cirúrgicos, como por exemplo, durante o tratamento de cisto de ovário ou retirada de vesícula. A condição para sua realização é ter prole constituída, preferencialmente após a idade de 30 anos, união estável ou qualquer condição que contraindique gravidez definitiva. 

No entanto, a frequência observada de pacientes arrependidas por ter realizado o procedimento e desejosas de nova gravidez tem aumentado, sendo a troca de parceiro o principal motivo. O mesmo ocorre com homens submetidos à vasectomia. A instabilidade nos relacionamentos e a atitude menos passiva das mulheres, que ocupam um lugar no mercado de trabalho, faz com que maior número de casais procure as clínicas de infertilidade para o restabelecimento da fertilidade. 

Para resolvermos este problema podemos optar por 2 caminhos: a reversão cirúrgica da laqueadura através de Recanalização Tubária ou a Fertilização in Vitro (FIV Clássica ou ICSI). 

O caminho a ser tomado nestes casos depende de fatores como: 

  • Idade da mulher; 
  • Técnica cirúrgica utilizada para a realização da laqueadura; 
  • Número de filhos que o casal deseja; 
  • Outros fatores de infertilidade envolvidos. 

Pacientes com idade acima dos 36 anos, ou com perda prematura de sua reserva ovariana (avaliado por exames hormonais e medida ultrassonográfica dos ovários), devem preferencialmente ser tratadas por FIV ou ICSI, já que o tempo é o principal inimigo da mulher nestas situações. O tempo necessário para a avaliação do sucesso ou não de uma reversão de laqueadura é de 6 meses a 1 ano após a cirurgia, tempo este valioso para as pacientes com este perfil de baixa reserva ovariana. 

Para realização de uma reversão de laqueadura, o comprimento da trompa residual e o local onde foi feita a ligadura são determinantes no sucesso do procedimento. Portanto, antes de optarmos pela reversão é fundamental a avaliação destes fatores através de uma laparoscopia prévia. 

A reversão da laqueadura pode ser feita através da via tradicional (laparotomia) com auxílio de microscópio cirúrgico, ou mais modernamente através da videolaparoscopia, que traz uma adequada ampliação do campo cirúrgico e tem como vantagens menor dor pós-operatória, alta hospitalar precoce (muitas vezes no mesmo dia da cirurgia), retorno mais precoce às atividades, menor risco de infecção, possibilidade de estudo de toda a cavidade abdominal durante o procedimento, e melhores resultados estéticos. Para tal procedimento é necessária equipe habilitada e especializada. 

Casais jovens, que desejam mais de uma gravidez, tendem a optar pela reversão da laqueadura, ao invés da FIV ou ICSI. Porém, se a intenção do casal é a de engravidar apenas uma vez, a melhor opção é a Fertilização in Vitro. 

Por fim, casais em que observamos na história clínica e nos exames iniciais algum outro fator potencial de infertilidade vão se beneficiar mais com o uso da FIV ou ICSI, já que através dela poderemos corrigir também estes outros fatores. Por exemplo, em um casal cujo marido apresenta alteração seminal evidente, a reversão de laqueadura provavelmente não irá atingir seu objetivo. Do mesmo modo, pacientes com problemas de ovulação vão requerer tratamento adicional após o procedimento cirúrgico. 

As taxas de sucesso da reversão cirúrgica da laqueadura tubária, quando frente a condições ideais, giram ao redor de 70-80% de permeabilidade tubária e ao redor de 60% de taxa de gravidez cumulativa, sendo os resultados equivalentes quando se considera as diferentes vias cirúrgicas. 

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