Bisfenol A (BPA) pode prejudicar a fertilidade feminina

Publicado 23 de janeiro de 2017 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 00:44.

Disruptores endócrinos (DE) são produtos químicos conhecidos por sua capacidade de mimetizar os efeitos de hormônios naturais, alterando assim o funcionamento normal dos hormônios nos organismos de animais e humanos.
Recentemente, os efeitos adversos destes agentes na fertilidade têm recebido especial atenção, principalmente devido ao seu potencial de permanecer no organismo por muito tempo.
Um dos DE mais extensamente estudados é o bisfenol A (BPA), uma vez que é incorporado em muitos produtos usados diariamente. O BPA é utilizado pelos fabricantes de plásticos de policarbonato e resinas epóxi.
O BPA foi detectado em vários tecidos reprodutivos, incluindo ovários, placenta, leite materno e colostro, e estudos recentes sugerem que o BPA seja tóxico para a reprodução. Mulheres inférteis têm níveis de BPA mais altos do que as mulheres férteis, e os elevados níveis de BPA estão de fato correlacionados com problemas de fertilidade.
Ainda assim informações a respeito do efeito do BPA na mulher infértil são raras, porém estudos em animais, principalmente peixes, ratos e camundongos, nos trazem muitas evidências, causando extrema preocupação no meio cientifico.
Baseando-se em estudos em animais, pesquisadores podem afirmar que o BPA:
(i) Altera o formato da tuba uterina, dificultando o transporte do embrião até o útero;
(ii) Reduz o potencial de implantação do embrião no útero;
(iii) Afeta a aparência e função uterinas, tendo consequências na capacidade do útero em receber o embrião;
(iv) Causa alterações no ciclo menstrual;
(v) Pode alterar a síntese e liberação de hormônios sexuais;
(vi) Pode ser tóxico para os ovários em diversos níveis, causando problemas nos óvulos.
Apesar dos diversos estudos a respeito do assunto, o exato mecanismo pelo qual o BPA afeta a fertilidade feminina ainda não foi elucidado, mas o que chama atenção é que esses efeitos podem afetar diversas gerações.
BPAs podem estar presentes em DVDs, computadores, eletrodomésticos, revestimentos para latas de comida e bebida, e muitos itens plásticos, como mamadeiras, brinquedos, copos e talheres descartáveis, entre outros.
O uso do BPA para confecção de diversos produtos passou a ser desencorajado pela organização mundial de saúde.
No Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu a produção e importação de mamadeiras que contenham BPA. A medida tem grande importância, já que busca proteger crianças de 0 a 12 meses, mas isso foi apenas um primeiro passo. Até que outras medidas sejam tomadas, devemos ficar atentos para a presença do BPA em produtos do nosso cotidiano, e evitar principalmente o uso de copos, talheres, pratos e outros que nos levem a ingestão do composto.

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