Reprodução: Estudo atesta eficácia de óvulo congelado

Publicado 12 de julho de 2010 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 01:15.

Óvulos congelados têm a mesma qualidade dos óvulos frescos nas taxas de sucesso de uma gravidez.
A conclusão é de uma pesquisa feita no decorrer de dois anos pelo Instituto Valenciano, na Espanha, o maior centro de reprodução assistida do mundo. Após analisar 600 óvulos (parte congelada, parte não), os pesquisadores concluíram que as taxas de gravidez com gametas congelados foram de 43,7% em comparação com a taxa de 41,7% com os frescos: praticamente iguais. O estudo mostrou que não houve uma taxa maior de malformação nos bebês gerados com óvulos congelados. Esse resultado é o primeiro passo para estimular a criação de bancos de óvulos, semelhantes aos de sêmen.
Até pouco tempo atrás, havia dúvidas sobre a qualidade dos óvulos congelados.

Os métodos

O congelamento lento, usado até então, demorava cerca de uma hora e tinha resultados desanimadores. Cristais de gelo se acumulavam no óvulo, matando-o. A cada 25 submetidos ao processo, só um resistia. Os pesquisadores espanhóis congelaram os óvulos usando uma técnica mais nova, a vitrificação. Ela leva menos de um minuto e evita a formação de gelo no óvulo.
Ninguém conseguia ter bancos de óvulos porque os resultados do descongelamento eram ruins. Muitos óvulos se perdiam. Agora, as coisas tomam outro rumo, diz o ginecologista Carlos Alberto Petta, da Unicamp. Edson Borges, da clínica Fertility, concorda. É mais um passo na discussão da preservação da fertilidade.
Demonstrar que os óvulos congelados proporcionam gravidez assim como os frescos abre vantagens para três perfis de mulheres. Podem se beneficiar aquelas na casa dos 35 anos que pretendem adiar a gestação, mulheres em tratamento de câncer que querem preservar a fertilidade e aquelas que querem doar óvulos depois de passar pelo processo de reprodução assistida.
A técnica de vitrificação provou estar estabelecida. Isso abre perspectivas para a criação de bancos de óvulos, que permitem otimizar a reprodução assistida com mais segurança, diz Artur Dzik, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
Para Eduardo Pandolfi Passos, vice-presidente da Associação Latino-Americana de Reprodução Assistida, a criação de bancos de óvulos evita a discussão ética e religiosa sobre o que fazer com embriões congelados, que não podem ser descartados pelas clínicas.
É um problema de logística e armazenamento. Em 2006, tínhamos 20 mil embriões congelados. Hoje, são 60 mil. Esse trabalho mostra que a tendência é congelar óvulos em vez de embriões.
– Fernanda Bassette

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