Pacientes com câncer podem se tornar pais

Publicado 4 de abril de 2016 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 00:49.

8 de abril é o Dia Mundial de Combate ao Câncer, uma das principais causas de morte em todo o mundo, responsável pelo óbito de mais de sete milhões de pessoas por ano e, de acordo com o Fundo Mundial para Pesquisa do Câncer, este número pode passar de dez milhões em pouco menos de dez anos.
Nas ultimas décadas, observou-se um intenso avanço na cura de diferentes tipos de câncer, propiciando a sobrevivência a longo termo para diversos pacientes, especialmente os mais jovens. De fato, tratamentos quimioterápicos e radioterápicos têm permitido taxas de sobrevivência de aproximadamente 80% entre crianças e adolescentes e estima-se que um em cada 250 adultos será sobrevivente de algum tipo de câncer infantil.
Um dos maiores efeitos negativos dos tratamentos para o câncer é a infertilidade. De acordo com Dr. Edson Borges Jr., especialista em Reprodução Humana e diretor do Fertility Medical Group, ainda que a sobrevivência seja o principal foco do cuidado com o paciente de câncer, a qualidade de vida após o tratamento é cada vez mais discutida e deve ser levada em consideração, o que inclui a possibilidade de se tornarem pais. Pesquisas indicam que 78,8% dos pacientes de câncer se preocupam com a fertilidade.
Recentemente diversas estratégias para preservação da fertilidade nestes pacientes foram desenvolvidas, sendo que o método mais seguro e eficaz é o congelamento de óvulos ou embriões, anteriormente à terapia gonadotóxica.
Nada menos que 89,5% dos pacientes se sentem seguros com a técnica do congelamento. Porém, o congelamento requer a coleta de óvulos posterior ao estímulo ovariano controlado, um procedimento que pode levar até seis semanas. Além disso, para o estímulo ovariano, altas doses de hormônios podem estimular o crescimento de tumores sensíveis, como cânceres de mama e do endométrio.
Portanto, a estimulação ovariana convencional acaba sendo uma alternativa apropriada apenas para mulheres que não apresentam tumores sensíveis a hormônios e quando o tratamento de câncer não é imediatamente iniciado após o diagnóstico. Para estes casos, outras estratégias incluem regimes de estímulo ovariano modificados, para prevenir o potencial efeito deletério das altas concentrações hormonais. Mesmo assim, o congelamento de embriões acaba sendo um método disponível apenas para pacientes que tenham parceiro do sexo masculino ou a intenção de utilizar sêmen de doador.
No caso de crianças e pré-adolescentes, o congelamento do tecido ovariano pode ser a única opção para a preservação da fertilidade. Essa alternativa também deve ser utilizada quando não há tempo para o estímulo ovariano, anteriormente ao tratamento do câncer. O tecido ovariano possui diversos gametas, que podem ser preservados e, após o final do tratamento oncológico, a paciente tem possibilidade de re-estabelecer os ciclos reprodutivos.
Segundo o Dr. Borges Jr., a preservação do tecido ovariano humano é ainda um grande desafio da medicina, pela complexidade das células envolvidas. Porém, avanços nessa área têm permitido o desenvolvimento de diversas técnicas de preservação da fertilidade, trazendo a possibilidade de maternidade para essas pacientes. O importante é que, independentemente da gravidade da situação, as pacientes de câncer devem ser alertadas a respeito da possível perda da fertilidade e, principalmente, das opções para essa seja mantida.

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