INFERTILIDADE SEM CAUSA APARENTE (ISCA)


Cerca de 10% dos casais não apresentam causa aparente de infertilidade, mesmo após serem submetidos a rigorosos exames investigativos. Assim, não se considera a infertilidade sem causa aparente como relacionada ao indivíduo, mas ao casal como unidade reprodutora. Muitas vezes, apenas quando submetidos a Técnicas de Reprodução Assistida, podemos diagnosticar nestes casais fatores relacionados aos gametas que até então eram obscuros nos exames rotineiros.

O diagnóstico de infertilidade normalmente parece causar impacto negativo ao bem estar do casal, interferindo no relacionamento conjugal. A presença da infertilidade implica na interrupção do projeto de vida dos casais produzindo uma crise que afeta as relações familiares e sociais e algumas vezes o desempenho profissional.

Frequentemente, diante de um resultado negativo, desencadeiam-se sentimentos de angústia e frustração, perda de controle emocional, isolamento social e familiar. A infertilidade é uma experiência que origina tristeza profunda, ansiedade, sentimentos de pena e culpa.

A busca pelo diagnóstico e tratamento, com Técnicas de Reprodução Humana Assistida, traduz um movimento adaptativo no sentido de encontrar a possível resolução para o problema. Por se tratar de enfermidade que atinge a ambos, os parceiros devem agir com cumplicidade, sensibilidade e respeito mútuos, disponibilidade e interesse para o diálogo. No entanto, nos momentos mais difíceis, em que o manejo dos sentimentos é fundamental, deve-se reconhecer a necessidade do auxílio de profissionais experientes para o atendimento individual ou conjugal.

 

Como acontece o diagnóstico da infertilidade?

 

Vários exames são solicitados após a entrevista e o exame físico iniciais. Muitas vezes, o casal já possui exames anteriores e os de rotina ginecológica e urológica. Sendo assim, coletá-los e ordená-los para a consulta auxilia muito na agilidade do diagnóstico. Os exames descritos a seguir. Caso tenha alguma dúvida, consulte o nosso dicionário Infertilidade de A a Z.

 

Exames de rotina pré-concepcionais: 

– Tipagem sanguínea do casal;

– Exames sorológicos para HIV, SÍFILIS, HEPATITES B e C;

– Para a mulher: sorologia para RUBÉOLA; TOXOPLASMOSE e Exame de Prevenção do Câncer do Colo Uterino.

 

Exames do fator masculino:

– Espermograma:
Também chamada ANÁLISE SEMINAL, é a mais importante fonte de informações para avaliação do homem infértil. Traz dados sobre a produção, algumas propriedades funcionais dos espermatozoides e da função secretora das glândulas acessórias.

Embora o espermograma não seja um teste de fertilidade do homem, ele é muito bom indicador do “status” funcional dos testículos. O espermograma, como exame inicial da investigação na infertilidade masculina, tem valor clínico e prognóstico adequados na avaliação da probabilidade de gravidez.

Baseado na sua interpretação, podemos distinguir três situações:

  1. Espermograma normal: sem evidência de infertilidade;
  2. Qualidade seminal nos limites inferiores da normalidade ou pequenas alterações em um dos parâmetros: possível infertilidade;
  3. Espermograma alterado: infertilidade constatada.

– Testes de função espermática:
Após a produção testicular, o espermatozoide deve atravessar uma série de barreiras no sistema reprodutor feminino, desenvolvendo sua capacidade de reação acrossômica (modificações bioquímicas e funcionais), ligando-se e penetrando a zona pelúcida do óvulo e finalmente fazendo a fusão cromossômica. Falha em qualquer destas etapas pode impedir a concepção. Estes testes tentam avaliar no laboratório estas funções.

– Avaliação hormonal:
Tem por objetivo avaliar a função secretora dos testículos, isto é, a capacidade de produção das células que circundam os túbulos seminíferos, assim como dos hormônios hipofisários que agem no testículo.

Alguns exames específicos são solicitados mediante alterações particulares encontradas no exame físico do homem ou em sua análise seminal, por exemplo:

  • Avaliação imunológica;
  • Testes genéticos (cariótipo, pesquisa de microdeleção do cromossomo Y);
  • Pesquisa de radicais livres de oxigênio;
  • Pesquisa de fragmentação do DNA dos espermatozoides.

 

Exames do fator feminino: 

Geralmente, a mulher acaba por fazer um maior número de exames que o homem, e estes exames devem obedecer uma orientação racional que permita identificar:

  1. A ocorrência da ovulação, a adequação da fase lútea e a receptividade do endométrio à nidação (fixação do embrião no útero);
  2. A oferta e qualidade dos espermatozoides, assim como o grau de receptividade ou hostilidade do receptáculo vagina e colo uterino;
  3. A integridade anátomo-funcional das tubas uterinas.

– Dosagens hormonais:

  • Hormônio Folículo Estimulante = FSH
  • Hormônio Luteinizante = LH
  • Prolactina
  • Estradiol
  • Progesterona
  • Hormônio Tireoestimulante =TSH
  • Tiroxina livre = T4L
  • Perfil Androgênico
  • Insulina de jejum ou curva glicêmica

– Ultrassonografia pélvica:
Exame de imagem fundamental para o diagnóstico das causas, acompanhamento do tratamento e definição do período fértil no ciclo ovariano e uterino. Pode ser realizado por via abdominal e mais comumente por via transvaginal, inclusive no período menstrual e na gestação inicial, nos dias indicados pelo médico, sem riscos.

– Histerossalpingografia:
Exame radiológico com contraste realizado por médico para avaliação dos órgãos genitais internos: cavidade uterina, permeabilidade tubaria e indícios de aderências ao redor das tubas. Deve ser realizado logo após o término do período menstrual e com exames vaginais prévios normais. É considerado um exame essencial na investigação da mulher.

– Videohisteroscopia:
Exame de imagem da cavidade uterina, realizado através de fibra ótica introduzida através do orifício do colo do útero, por via vaginal. Pode ser convertido em tratamento cirúrgico de alterações e doenças da cavidade uterina (miomas, pólipos e etc.), neste caso sob anestesia.

– Videolaparoscopia:
Exame de imagem da cavidade abdominal e pélvica, realizado através de fibra ótica introduzida por pequenas incisões na parede abdominal, sempre em ambiente hospitalar cirúrgico e sob anestesia geral.

Além de exame diagnóstico e prognóstico, permite o tratamento cirúrgico das doenças das tubas, ovários, útero e outras na pelve e abdômen. É considerado o melhor exame para diagnóstico das lesões das tubas e endometriose.

– Muco cervical, citologia hormonal seriada, curva de temperatura basal, biópsia de endométrio, teste pós-coito:
São exames de uso restrito e que devem ser indicados em situações muito especiais, ou quando as dosagens hormonais no sangue e a ultrassonografia não estiverem disponíveis. O teste pós-coito avalia a interação dos espermatozoides com o muco do colo uterino. Deve ser realizado no período pré-ovulatório definido pelo médico e obedecido intervalo adequado do coito até sua coleta no laboratório.

 

Outros exames 

Várias doenças podem levar a mulher à infertilidade provisória ou permanente; no entanto, cabe ao médico definir os inúmeros exames que estas situações requerem. Outros exames comumente associados à pesquisa da infertilidade feminina são: exames de sangue para pesquisa de fatores imunológicos; dosagem do CA125 (endometriose); exames ultrassonográficos especiais (Dopplerfluxometriahisterossonografia); exame de cariótipo (alterações dos cromossomos) e pesquisas genéticas.

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