Reversão da Vasectomia


Vivemos uma época controversa com ideias de controle de natalidade, dos problemas sociais, de liberdade de escolha e de comportamento. Os dois primeiros confluem em dois tópicos: o crescimento populacional exagerado e o aumento do custo de vida. Através desse contexto, criaram-se métodos contraceptivos, dos quais a vasectomia é a opção masculina mais empregada. Procedimento cirúrgico rápido, largamente difundido e altamente seguro nos seus resultados. Porém, a instabilidade dos relacionamentos, a liberdade e a quebra de tabus fazem, muitas vezes, as pessoas voltarem atrás de sua decisão e procurarem métodos para reverter um procedimento realizado, como a vasectomia. Isso é viável, apesar de não muito difundido. 

Naturalmente, os espermatozoides são continuamente produzidos nos testículos (túbulos seminíferos), chegam até o epidídimo onde são temporariamente armazenados. Do epidídimo passam pelos ductos deferentes e são liberados pelo pênis no momento da ejaculação. Através da vasectomia, o fluxo é obstruído. O cirurgião corta e amarra os ductos deferentes. Vale a pena ressaltar que não existe comprometimento da função dos testículos, epidídimos e do pênis. A espermatogênese (produção de espermatozoides) continua mesmo após o procedimento.

A reversão da vasectomia é um procedimento cirúrgico que restaura o fluxo de espermatozoides, através dos ductos deferentes, e é realizado pela mesma incisão da vasectomia com auxílio de um microscópio (aumento em torno de 40x), por um profissional (urologista) habilitado a fazer microcirurgia. O paciente poderá ter alta no mesmo dia, com posterior repouso de 4 dias.

Existem dois tipos de cirurgias para a reversão da vasectomia: a vasovasostomia e a vasoepididimostomia. A vasovasostomia é a operação mais frequente, permitindo a reanastomose (ligação) dos ductos através de suturas com fios mais finos que os fios de cabelo. É a cirurgia de escolha, no entanto, se ocorrer uma obstrução secundária no epidídimo o fluxo não se restabelece e a vasoepididimostomia deve ser realizada para ultrapassar esta barreira, onde é realizada a conexão do deferente diretamente no epidídimo.

Quanto menor o intervalo entre a vasectomia e a sua reversão, melhores serão os seus resultados para conseguir a gravidez desejada.

  • Vasectomia realizada há 3 anos: 97% sucesso;
  • Vasectomia realizada de 3 a 8 anos: 88% sucesso;
  • Vasectomia realizada de 9 a 14 anos: 79% sucesso;
  • Vasectomia realizada há mais de 15 anos: 71% sucesso.

 

 

Cerca de 6% dos homens vasectomizados procuram a reversão do procedimento. Enquanto o número de homens que procuram pela vasectomia como método contraceptivo continua o mesmo, a cada dia cresce o número de homens que procuram pela reversão.

A grande razão para que os homens procurem pela reversão da vasectomia refere-se à ocorrência de um segundo relacionamento após divórcio. No entanto, casos de falecimentos da esposa e/ou de filhos podem também suscitar no homem o desejo de restaurar a fertilidade. Uma pequena parcela reverte o processo devido a ocorrência de dores na bolsa testicular, razões religiosas ou simplesmente pelo simples desejo de voltar a ser fértil.

A grande maioria dos homens vasectomizados pode reverter este quadro. É claro que existem casos nos quais ocorreram complicações (obstruções secundárias, processos inflamatórios importantes etc.), tornando o procedimento de reversão mais complicado. No entanto, nestes casos recomenda-se a utilização de técnicas específicas de punção de espermatozoides em tratamentos de reprodução humana assistida.

Nos casos de falhas na tentativa de reversão, razões religiosas e, principalmente, opção do paciente a ocorrência da gestação pode se dar via reprodução assistida. A técnica de ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) pode ser utilizada para o tratamento de fator masculino grave. Atualmente, é possível associar a esta técnica com a obtenção de espermatozoides diretamente do epidídimo (PESA) ou testículos (TESA) para manejar a infertilidade nestes pacientes.

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