Saiba mais sobre nossos avanços científicos apresentados no ASRM 2015

Publicado 17 de outubro de 2015 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 00:51.

Entre 17 e 21 de outubro aconteceu o Congresso Anual da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM2015), em Baltimore (Estados Unidos), trazendo os estudos mais recentes sobre infertilidade, contracepção e menopausa. O Brasil foi muito bem representado pelo Fertility Medical Group, que participou com cinco trabalhos. Saiba mais sobre nossas conquistas:
1. Um dos estudos que chamam muita atenção relaciona a endometriose com a qualidade dos oócitos (óvulos imaturos) e embriões. O objetivo desse trabalho foi investigar se realmente pacientes com endometriose – doença que acomete cerca de seis milhões de mulheres no Brasil – têm mais dificuldade para engravidar naturalmente e até mesmo para se submeter à fertilização assistida. Foram selecionadas apenas pacientes com idade igual ou inferior a 36 anos, e analisada a influência da endometriose na competência dos oócitos e na formação dos blastocistos (embriões com cinco ou seis dias de vida), utilizando determinados parâmetros laboratoriais para essa avaliação (desenvolvimento laboratorial dos gametas e embriões). Foi identificado que, além de realmente comprometer a qualidade de oócitos e embriões, a endometriose gera impacto negativo nas taxas de implantação. Isso explica menores taxas de implantação e maiores taxas de cancelamento de ciclos nesse grupo de pacientes. O que não ficou comprovado foi a influência da doença nas taxas de fertilização, gravidez e abortos.
2. Outro estudo relevante envolveu a identificação de marcadores lipídicos na formação de blastocistos no 3º dia de cultura. Foram analisadas culturas de 50 embriões em pacientes com transferência agendada para o 5º dia. Ao todo, foram observados 1657 íons. Vale dizer que a espectrometria de massas é considerada uma ferramenta revolucionária na química de proteínas moderna, um importante recurso físico que classifica as moléculas medindo a relação massa/carga de seus íons. As massas obtidas formam uma espécie de impressão digital da proteína que está sendo investigada. O estudo chegou à conclusão de que através da espectrometria de massas é possível identificar os embriões com maior potencial para serem transferidos no 5º dia.
3. No estudo “Proteoma em células do cumulus: identificação de biomarcadores de sucesso para técnicas de reprodução humana assistida”, o grande desafio foi chegar a uma seleção embrionária com alto potencial de implantação (RHA). A seleção embrionária tem se baseado em parâmetros morfológicos do embrião, mas seu valor preditivo ainda é limitado. Com a emergência de novas tecnologias disponíveis, biomarcadores de sucesso para técnicas de Reprodução Humana Assistida têm sido identificados, tanto para embriões como para gametas. Como o estudo no próprio oócito acaba inviabilizando seu uso para fins clínicos, estudos têm sido realizados nas células que o rodeiam, chamadas de células do cumulus (CC). Biomarcadores nas CC podem ser utilizados para predizer a qualidade oocitária e embrionária. Na análise proteômica é possível identificar diferentes proteínas em CC de oócitos que levarão a bons embriões, implantação e gravidez. Os resultados desta pesquisa podem acrescentar ferramentas para a seleção e transferência de um único embrião viável para implantação, diminuindo os custos com outros ciclos de tratamento e taxas de gestação múltipla, sendo esta de grande risco para a paciente e para os bebês.
4. O estudo “Expressão proteica de células do cumulus como indicador de gravidez bem-sucedida” utilizou o potencial analítico da espectrometria de massas para prever o resultado da gravidez. Neste caso, células do cumulus foram coletadas de pacientes submetidas à técnica ICSI – Injeção Intracitoplasmática (que permite visualização mais precisa do espermatozoide a ser injetado no óvulo) e classificadas em dois grupos de acordo com o sucesso ou o insucesso da gravidez. As amostras foram submetidas à extração de proteína – injetada em solução antes da análise pelo espectrômetro de massas. Ao todo, foram detectadas 72 proteínas diferentes – sendo que 19 delas estavam relacionadas à gravidez bem-sucedida. A partir desse estudo, foram sugeridos potenciais biomarcadores associados à gravidez. O próximo passo será analisar cada uma dessas 19 proteínas individualmente.
5. Por fim, um trabalho realizado em parceria com a Unifesp procurou quantificar metabólitos endógenos – substâncias secretadas no meio de cultura embrionária – e estabelecer correlação com a competência para o desenvolvimento do embrião. As amostras foram coletas no 3º dia de cultivo embrionário, antes da transferência no 5º dia. Através da análise de uma quantidade mínima desse líquido, é possível estudar a viabilidade do embrião e, consequentemente, as chances de ele se fixar na parede do útero e dar início à gestação. O estudo concluiu que a quantidade de substâncias liberadas no 3º dia de cultivo é uma importante ferramenta para selecionar embriões com maior potencial.

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