Jovens que têm câncer deveriam recorrer à preservação da fertilidade

Publicado 30 de julho de 2014 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 00:55.

Dados do Fundo Mundial para Pesquisa do Câncer (World Cancer Research Fund International) apontam que a incidência da doença aumentará bastante nos próximos anos. Enquanto, em 2012, surgiram 14,1 milhões de novos casos de câncer, esse número deve saltar para 24 milhões em 2035 – sendo que, anualmente, morrem mais de sete milhões de pessoas no mundo inteiro por causa disso. Em contrapartida, nas últimas décadas houve um grande avanço na cura de diferentes tipos de câncer. Tratamentos quimioterápicos e radioterápicos têm permitido taxas de sobrevivência em torno de 80% para crianças e adolescentes. Em breve, um em cada 250 adultos será sobrevivente de algum tipo de câncer infantil. Como uma das principais complicações do câncer são os danos à função reprodutiva, aumenta, também, a preocupação com relação à preservação da fertilidade.
Na opinião de Edson Borges Junior, especialista em Reprodução Assistida e diretor do Grupo Fertility, apesar de os efeitos de um tratamento contra o câncer poderem ser transitórios ou permanentes, em decorrência da sensibilidade de cada pessoa, a preservação da fertilidade é de crucial importância para a qualidade de vida desses pacientes no futuro. “Há diversas estratégias para a preservação da fertilidade. Mesmo no caso de crianças e jovens, há técnicas desenvolvidas especificamente para isso. Sendo assim, cada vez mais esses pacientes que sobreviveram ao câncer podem, no futuro, satisfazer o desejo de gerar um filho e constituir família”.
O especialista explica que a esterilidade e a perda da função gonadal são as principais complicações para quem teve câncer. No caso de tumores nos ovários ou nos testículos, por exemplo, o comprometimento da fertilidade está implícito. Nos outros tipos da doença, tanto a químio quanto a radioterapia podem afetar a função reprodutiva ao atingirem os gametas ou pela necessidade de irradiação da região em torno dos órgãos sexuais. “A proteção do tecido germinativo, através de hormônios, pode ser uma alternativa interessante para preservar a fertilidade de pacientes bem jovens que vão dar início ao tratamento de câncer, já que se trata de um procedimento simples e seguro. No caso de pacientes adultos, a criopreservação de embriões, de sêmen e de óvulos vem se comprovando bastante eficiente e apresentando resultados satisfatórios ao longo dos últimos anos”.
Pode-se afirmar que apenas 10% dos pacientes diagnosticados com câncer são orientados a respeito da criopreservação do sêmen antes do tratamento. Borges revela que, num estudo realizado por sua equipe multidisciplinar, dos 98 pacientes avaliados, 56% apresentavam câncer de testículo, 15% de próstata, 16% linfoma, 3% leucemia e quase 10% outros tipos malignos. “Os pacientes com câncer de testículo são os que mais frequentemente buscam a criopreservação seminal como alternativa para preservar a fertilidade, sendo que o tempo médio entre o diagnóstico de câncer e a criopreservação é de quatro meses e meio”.
Infelizmente, há muita falta de informação sobre o risco do tratamento do câncer para a fertilidade, bem como muitos ainda desconhecem que podem recorrer à Medicina Reprodutiva para lançar mão de alguma das técnicas existentes para preservar a fertilidade. “Também é importante dizer que o acompanhamento do oncologista é fundamental, já que em determinados casos pode haver comprometimento do tratamento ou ainda um aumento no risco de complicações quando a paciente está próxima de dar à luz ou logo em seguida”, afirma o especialista.

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