Nem toda gestante obesa representa um risco, diz especialista

Publicado 13 de janeiro de 2012 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 01:09.

Na última edição do jornal americano Seminars in Perinatology, a especialista em medicina fetal Loralei Thornburg relata as principais mudanças e obstáculos que as gestantes obesas devem superar, chamando atenção para o fato de que, apesar do alto consumo calórico, muitas pacientes carecem de suplemento vitamínico para evitar problemas mais sérios. Para Assumpto Iaconelli Júnior, especialista brasileiro em reprodução humana e diretor do Fertility – Centro de Fertilização Assistida , as deficiências em ferro, ácido fólico e vitamina B12 são mais relevantes, mas uma abordagem adequada pode minimizar grande parte dos riscos relacionados à obesidade materna.
O excesso de gordura afeta a ovulação por conta da sensibilidade à insulina, do excesso de hormônio masculino e excesso de leptina – que é um hormônio protéico específico, produzido e secretado pelo tecido adiposo. Ou seja, a obesidade pode dificultar a gravidez e afeta a saúde reprodutiva principalmente nos primeiros estágios da gestação – aumentando as chances de aborto. Uma adequação da dieta e a prática regular de exercícios físicos podem contribuir muito para se atingir o objetivo da maternidade, diz o especialista.
Iaconelli chama atenção para a importância de se reduzir drasticamente o consumo de gordura trans e de carne vermelha, aumentando a quantidade de proteína vegetal, fibras e carboidratos de baixo índice glicêmico, além de alimentos à base de leite integral. É importante que essa paciente evite comer bolachas recheadas, refrigerantes e chocolates, além de embutidos e enlatados de modo geral. Com uma dieta equilibrada e saudável, as chances de sucesso da fertilização assistida também aumentam consideravelmente.
Na opinião do médico, a condição nutricional feminina tem influência direta, também, em determinadas doenças que merecem um acompanhamento mais intenso em face da gravidez, como a endometriose e a síndrome dos ovários policísticos. O estresse oxidativo é um dos fatores que contribuem para a endometriose, por exemplo. Portanto, é importante que a paciente evite o consumo de alimentos embutidos e carnes vermelhas, substituindo-os por peixes, verduras, legumes e frutas. Aliás, o ômega 3 – encontrado em peixes como salmão, atum, sardinha e bacalhau – é um tipo de ácido graxo essencial que exerce uma ação anti-inflamatória significativa.
Quanto à síndrome dos ovários policísticos, o excesso de peso está presente na maioria das pacientes. Nesses casos, a perda entre 5% e 10% do peso corporal normalmente reduz a concentração de insulina, regulariza o ciclo menstrual e a ovulação, além de melhorar a fertilidade da paciente. Há situações em que uma suplementação contendo vitaminas do complexo B contribui para reduzir os riscos de infertilidade por falta de ovulação, diz Iaconelli – chamando atenção para a importância de se avaliar detidamente a condição nutricional de cada paciente que está enfrentando dificuldades para engravidar.

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