Novas regras para reprodução assistida já eram aplicadas

Publicado 27 de janeiro de 2011 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 01:12.

Recentemente, o CFM (Conselho Federal de Medicina) determinou novas regras para a reprodução assistida. Agora, é regulamentado que casais gays e pessoas solteiras possam usar as técnicas deste tipo de fertilização. Além disso, a nova resolução permite que a reprodução de embriões ou gametas congelados de pessoas mortas possa ser feita, desde que haja autorização prévia do falecido. O texto também muda o limite para implante de embriões de acordo com a idade da paciente.
No entanto, a nova regra não traz novidades: essas medidas já são adotadas por profissionais há algum tempo. Essa nova resolução só colocou no papel o que já vinha sendo praticado, afirma psicóloga Luciana Leis, especializada no atendimento a casais com dificuldades para engravidar.
Para Luciana, a única mudança relevante está neste limite de embriões que são determinados pela idade. Se antes, a mulher podia receber até quatro embriões por tentativa, independentemente da idade, agora, mulheres com até 35 anos podem receber até dois embriões. As com idade entre 36 e 39 anos, até três. E somente após os 40 anos é permitido implantar até quatro embriões. O objetivo é evitar casos de gestação múltipla, que pode colocar o bebê e a mãe em risco, afirma a psicóloga.

Gravidez múltipla traz riscos

De acordo com o presidente da CFM, Roberto d’Ávila, uma gravidez múltipla pode resultar em abortos e bebês prematuros com problemas sérios de saúde. A medida também proíbe a redução embrionária, ou seja, a retirada de parte dos embriões que foram implantados com sucesso – prática considerada um aborto.
Segundo a psicológa Luciana Leis, com o aumento das gestações múltiplas, os médicos já estavam reduzindo o número de embriões em mulheres de 35 anos. Uma paciente com essa faixa de idade tem mais chances de engravidar com três embriões do que uma mulher de 40 anos. Pois a qualidade de ovulação é menor com o passar dos anos.
De acordo com o especialista em Medicina Reprodutiva Edson Borges, diretor do Fertility – Centro de Fertilização Assistida -, de maneira geral, as chances de sucesso em um processo de reprodução assistida são de 35% a 40%. Sucesso é ter um bebê sadio. Melhor não engravidar do que ter de passar por gravidez múltipla, analisa.
Barriga de Aluguel: pagar para uma pessoa fazer o procedimento de reprodução assistida é proibido aqui no Brasil. O uso temporário de útero só pode ser feito no caso de mulheres com problemas que as impeçam de ter filhos. Além disso, o parentesco entre elas deve ser de até segundo grau e não pode haver remuneração, explica Luciana. Neste caso, a medida ainda dificulta os homens homossexuais que querem ter filhos através da técnica. Em alguns países, a barriga de aluguel é permitida. Ricky Martin e Elton John tiveram filhos por meio desse processo.
Escolha do sexo do bebê: a ‘sexagem embrionária’ também está proibida. Éticamente, ninguém pode chegar aqui dizendo quero ter uma menina ou um menino, diz Borges . Segundo Luciana, a sexagem só é feita quando há doenças genéticas que possam comprometer a saúde da criança. Os pais não devem buscar características e sim filhos sadios. O trabalho da reprodução humana é corrigir uma função inoperante na mulher com problemas para engravidar.
– Edilene Ribeiro

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