Com 3% de chance, trigêmeas chegaram para fazer de Marça uma mãezona aos 51 anos

Publicado 6 de fevereiro de 2017 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 00:43.

Carmen, Suelena e Valentina. Há seis meses, elas chegaram ao mundo prematuramente para realizar o sonho de décadas de Marça. Esparramadas no sofá e vestidas iguaizinhas, em poucos minutos de conversa a gente percebe que uma é bem diferente da outra, mas que juntas, fizeram uma família muito mais feliz.
O colo tem de ser repartido e os gastos equivalem a viver em dólar no próprio País, mas em compensação, não há nada que encha mais a mãe de alegria do que falar das menininhas. “Tenho 51 anos e nunca tinha engravidado”, inicia a história, Marça Maria Maciel Fiori. Empresária e no segundo casamento, tinham sido anos de tentativas de engravidar até que a vontade ficou mais discreta, mas ainda se fez presente.
No final de 2014, assistindo a um programa de TV, ela indagou o marido, que já era pai de cinco filhos, se ela teria sido uma boa mãe. A resposta emocionou à época e até hoje leva a mãe às lágrimas.
“Eu falei: ‘você? Você é muito especial. Quer tentar? Seria muita mesquinharia minha, por eu já ter filhos, não deixar você tentar'”, recorda o marido. Foram com essas palavras do pecuarista Humberto César Fiori Filho, de 60 anos, que Marça teve o “sim”. No dia seguinte, eles já começaram a procurar por clínicas de fertilização.
Foi um ano no processo e duas tentativas falhas. “Na terceira, falamos para colocar os três embriões. A chance de vir três era de 3%, de vir dois, 28% e de 1, 50%”, conta a mãe. O tratamento é prolongado, envolve muita medicação, mexe com o emocional, mas também já traz o instinto materno.
“Nessa vez eu tinha certeza que ia dar certo. Não sei porque, a gente sentia”, tenta explicar. Devido a idade, Marça teve de fazer repouso absoluto, porque a gravidez era de alto risco. Questionada diversas vezes sobre o porque esperou tanto para procurar a fertilização, Marça explica com a mesma doçura com que coloca a chupeta em uma das filhas. “Eu acho que era a hora de tê-los agora. Tudo no seu tempo”.
A médica que acompanhou todo processo, Suely Rezende, calculou o dia da implantação dos embriões até a data de fazer o teste. Na primeira contagem, poderia ser apenas um bebê, mas na terceira, a chance de virem gêmeos era imensa.
“Esperamos uns 10 dias para fazer a ultrassom. E foi quando a doutora disse: ‘tem mais um e tem outro’. Deu para ver o coração das três. Elas vieram para ficar”, narra a mãe.
A bolsa de Carmen estourou e as trigêmeas nasceram prematuras, no dia 18 de julho do ano passado. A mais velha, com 865 gramas e 32 cm, seguida de Suelena com 865 gramas e 31 cm e Valentina de 880 gramas e 31 cm. “Foi uma luta. Valentina ficou cinco meses na UTI, Carmen e Suelena, três”, recorda Marça.
A última a vir para casa chegou ainda a tempo do Natal. Valentina teve alta dia 20 de dezembro. As três passaram por cirurgias e fazem todo acompanhamento com neurologistas e oftalmologistas. A previsão é de que todo cuidado se estenda pelos próximos dois anos. “Até lá elas são consideras prematuras”, explica a mãe.
Hoje é um alívio vê-las assim. E no dia a dia que a família vê que a ficha só caiu agora. “As três são minhas, minhas? É muito gostoso, uma delícia”, descreve Marça. A ajuda é 24h por dia. Uma babá faz o turno do dia e outra entra à noite. Só de fralda, são 30 diariamente e leite, quase uma lata para cada uma por dia.
Carmen é a mais cheinha e séria, Suelena a mais magrinha e brava e Valentina, a que tenta falar sem parar. Cada uma tem suas diferenças de traços e principalmente de comportamento. Os nomes são homenagem à avó e a uma amiga muito querida da família, de Naviraí. O último, Valentina, é o que a mãe já havia escolhido antes mesmo da confirmação.
O casal mora em Miranda, mas está vivendo desde a gestação de Marça entre a Capital e o interior. Humberto fica na fazenda e é por telefone que ele dá seu depoimento e também se emociona.
“Eu me emociono de falar. Foi uma coisa muito boa, nossa senhora e foi um sacrifício da parte dela, da Marça, de aguentar, mas pensa numa alegria?”, comemora o pai. Ele mesmo admite que não teve tempo de atender aos cinco filhos. “Eu fui um cara que trabalhei muito na vida e sempre achei que o serviço fosse mais importante para poder dar mais qualidade de vida para a minha família”, assume.
Com a chance de fazer diferente, triplamente, seu Humberto é só sorrisos.
“Elas vão unir meus outros filhos, trouxeram cumplicidade, compartilhamento e são umas meninas lutadoras e valentes”, coruja o pai. A filha mais velha tem 34 anos.
Se valeu a espera? Marça não tem dúvida. “Eu acho que Deus tem tempo para tudo na vida. Acho que o meu era agora, era a minha hora e veio certinho. Eu sou mais feliz, triplamente feliz”.

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