Causas da infertilidade masculina

Publicado 23 de abril de 2014 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 00:56.

Antigamente quando um casal não conseguia ter filhos era comum atribuir a culpa à mulher. Com o passar do anos e a evolução da medicina, constatou-se que, a origem da dificuldade para engravidar distribui-se igualmente entre homens e mulheres – cada um contribuindo com 40%. Os outros 20% são atribuídos a fatores externos ou de incompatibilidade.
Mas há algo que mudou nos homens. Pesquisadores franceses que monitoraram quase 27 mil homens entre os anos 1989 e 2005, com idade entre 18 e 70 anos, chegaram à conclusão de que a produção de espermatozoides de hoje em dia é um terço menor que a de 20 anos atrás. Em média, há uma queda na produção de espermatozoides de 1,9% ao ano.
A queda pode estar relacionada com maior exposição à poluição e agentes químicos, além de uma dieta rica em gordura, vida sedentária e estresse.
Na opinião de Edson Borges Junior, especialista em Reprodução Assistida e diretor do Grupo Fertility , é importante ressaltar que a população masculina vem sentindo as consequências do meio ambiente desde antes mesmo de nascer.
As mulheres também estão expostas aos mesmos fatores agressivos à saúde. Gestantes que comem muita carne vermelha (rica em substâncias químicas potencialmente prejudiciais), por exemplo, comprovadamente exercem influência negativa sobre a futura fertilidade de um bebê do sexo masculino. Estudos comprovam que fetos masculinos intrauterinos expostos a altos níveis de compostos estrogênicos ou antiandrogênicos podem apresentar alterações no desenvolvimento de todos os tipos principais de células dentro do testículo, levando à deficiência da qualidade do esperma, alerta o médico.
No Brasil, também foi realizado um estudo sobre o assunto. Nossa pesquisa mostrou uma queda de mais da metade do número de espermatozoides produzidos, assim como uma diminuição importante na porcentagem de espermatozoides normais (de 4,6% para 2,7%). Outro resultado também surpreendeu: dobrou o número de homens com azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no ejaculado.
O estudo foi feito a partir da análise de 2.300 amostras de sêmen fornecidas por pacientes que recorreram ao tratamento de fertilização assistida nos períodos de 2000-2002 e 2010-2012. Um fator social que também tem contribuído bastante para dificultar uma gravidez dentro dos padrões normais, ou seja, dentro do período de um ano com tentativas regulares, é o estresse. O estresse é um fator crítico que precisa ser controlado inclusive durante o tratamento de fertilização in vitro para não interferir negativamente no processo. Seja por motivos sociais, ambientais ou outros, vale ressaltar que os homens devem ser os primeiros interessados em conhecer a causa de sua infertilidade. Afinal, com tanta tecnologia e metodologia disponíveis na Medicina Reprodutiva, as chances de reverter qualquer problema que o esteja impedindo de ser pai são bastante consideráveis.
Procure ajuda caso o casal esteja com dificuldades para engravidar há pelo menos um ano, deve-se buscar ajuda de ginecologista (para a mulher) e do urologista (para o homem). A primeira medida tomada pelo urologista é levantar o histórico de saúde do paciente. Paralelamente ao exame clínico, o paciente será submetido a um exame para analisar os espermatozoides. Mesmo nos homens considerados férteis, até 50% da população de espermatozoides do ejaculado pode apresentar alterações de motilidade e até 96% na morfologia, entre outras variáveis analisadas, explica o dr. Borges.
Além da minuciosa análise seminal, outros testes podem contribuir para o tratamento da infertilidade – que às vezes é cirúrgico – e até mesmo para definir a técnica mais apropriada de reprodução assistida. É o caso da avaliação hormonal e da avaliação genética. Os três fatores genéticos mais frequentemente relacionados à infertilidade masculina são: aberrações cromossômicas, mutações gênicas e microdeleções do cromossomo Y – sendo que, na população de homens inférteis, a incidência de alterações cromossômicas é de 7%, em média.

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