Pílula anticoncepcional masculina: cientistas descobrem o gene que pode ‘desligar’ temporariamente a produção de espermatozoides

Publicado 9 de maio de 2023 por Equipe Fertility Medical Group. Atualizado 14:32.

Descoberta aproxima a ciência do desenvolvimento de uma alternativa à vasectomia para os homens, sem necessidade de interferências hormonais

Um time de pesquisadores da Universidade Estadual de Washington realizou descobertas a respeito do DNA capazes de levar a uma espécie de contraceptivo masculino reversível. Os achados, publicados na revista científica Nature Communications, apontam o gene responsável pela produção de esperma em humanos e outros mamíferos. Com isso, os cientistas podem trabalhar em torno de uma nova pílula, que funciona causando uma infertilidade temporária.

O estudo apontou que bloquear ou desativar esse gene com medicamentos levaria a uma contagem reduzida de esperma, movimentos reduzidos e formato anormal. Entretanto, especialistas sugerem que simplesmente parar a medicação permitiria a reativação do gene e faria o paciente retomar a produção normal de espermatozoides. Com isso, seria possível avançar mais na proposta de uma pílula anticoncepcional masculina.

A análise, feita com ratos de laboratório, revelou que os animais utilizados produziram 28% menos espermatozoides do que os mesmos camundongos sem a desativação do gene Arrdc5. Além disso, a maioria desses espermatozoides foram danificados e se moveram quase três vezes mais lentamente.

“O estudo identifica esse gene pela primeira vez como sendo expresso apenas no tecido testicular, e em nenhum outro lugar do corpo”, diz o professor Jon Oatley, um dos autores. “Quando esse gene é inativado ou inibido em machos, eles produzem esperma que não pode fertilizar um óvulo, e esse é um alvo principal para o desenvolvimento de um contraceptivo masculino”, completou.

Sem interferências hormonais

Trabalhar com a fertilidade masculina dessa forma não iria requerer nenhum tipo de interferência hormonal, segundo o time, e o resultado seria reversível — o que o difere do mecanismo da pílula voltada para as mulheres. “O anticoncepcional feminino tem sua ativação a partir de bloqueios hormonais. Já este estudo apresenta uma técnica que modifica, de forma temporária, a função do espermatozoide”, explica Edson Borges Jr., urologista, ginecologista e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). “Assim, esse silenciamento da função do material genético impede que o mesmo realize o trabalho de fecundação”, completa.

Essa característica seria importante para o contraceptivo, já que a testosterona possui outros papéis no organismo masculino além da produção do espermatozoide, disseram os pesquisadores.

No momento, outras formas de contraceptivos masculinos já estão sendo testados. Entretanto, as únicas opções já disponíveis são a realização de vasectomia ou o uso de camisinhas. “Esse estudo levanta uma possibilidade há muito desejada. Ainda precisamos dos testes clínicos para avaliar sua eficácia e possibilidade de utilização, mas, caso realmente funcione, vai revolucionar a forma com que a sociedade lida com relações sexuais”, pontua Edson Borges Jr.

 

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